30 de maio de 2008

Jardim Secreto

Conheci países, planetas e nuvens e deixei um pouco de mim em cada chão. Ganhei flores para os cabelos, mas as vi morrer sem alimento. Fui tão intensa, tão grandiosa, que exalava pelos poros para além de 1m65cm. Do que adianta potência sem controle? Alguém perguntou. De que adiantam flores sem a chuva e sem o sol? Não soube responder.

Divaguei por lugares estranhos. Desenhei o mapa, não usei bússolas. E me queimei no sol. Comprei o último bilhete. A última viagem. Nunca esqueci seu telefone. Bati na porta, mas não fui recebida. Sereno em noite de luar. Não é comum? Pedi abrigo, mas a cama estava cheia e não tinha espaço no porão. Se era uma noite de sol, porque senti tanto frio?

Não podia voltar. Os grãos de pipoca que marcavam o caminho derreteram com a água do meu choro e com o sangue da minha alma. Segui em frente e tinha flores por perto. Não eram elas que queria, mas fiquei observando como a natureza as faz crescer e embelezarem nosso caminho de forma tão natural. A natureza não dá saltos. É o nosso relógio que sempre marca a hora errada.

Não tinha lar para retornar. Mas tenho jardim, só porque decidi aprender a cuidar das flores. E no meu Jardim Secreto não há porta de entrada, nem sinalização, nem informações científicas sobre as flores. Aqui não há ciência. Há só uma menina que aprendeu a chorar sozinha, no meio da noite, e a guardar segredos. Não espere o convite para o piquenique. Lá, entre as sementes, o que floresce é a alma dela, que flutua por tudo que há vida. E nada menos.

Lá, é aquilo que chamam de lar. O esconderijo das fantasias e dos sonhos. Das esperanças, da poesia e da música. A ternura enfeita o céu de cor de rosa, a água é lilás e tudo tem sabor de marshmellow. E nem adianta buzinar, bater na porta ou escalar o muro. Coloquei a cama em frente a janela, abri as cortinas e joguei a chave fora. Agora tudo vai ficar bem!


25 de maio de 2008

Universo Paralelo


Devia ser um amor comum, como os básicos que simplesmente dão certo. Tinham ali toda gama de ingredientes necessários. Um sexo louco, o sentimento clássico, a intensidade juvenil, o prazer da descoberta, os objetivos futuros conjuntos.
Poderia ser tudo, mas por alguns períodos foi nada.
Separaram-se inúmeras vezes, nunca querendo, de fato, estar longe. Acostumaram-se em outras camas, em outros afetos, em outros laços, e assim, desfizeram o nó que os prendia.
Nenhum dos dois sabia para onde o outro iria, não era preciso saber.
Ela o culpou, culpou os outros, os destinos, os astros. Culpou a Deus. E com o tempo, inerte na dor exorcisou toda culpa e voltou a viver. Pegou seu quinhão da história e deixou o restante a quem interessase. O silêncio prosseguiu. Mais de 700 dias, nem cartas, nem mails, nem notícias vindas dos amigos. Nunca se cruzaram, nem mesmo nos lugares comuns. Acostumaram-se.
Sem conhecer a versão dele, ela apenas dizia: não tinha que ser, não foi. Era a forma simplista com a qual justificava as distâncias forçadas. E para ausentar o choro começou a gargalhar. Era assim que sabia fazer. Nunca diferente. Deu de ombros para a balela auto-ajuda. Porém, foi discretamente surpreendida por rastros daquilo que chamam de saudade. Não entendia, não sentia, achava besteira. Besteira como foi acreditar que algum dia aquilo era romance, era história, era algo além.
Perfumou-se, vestiu seu melhor vestido e foi amar outros amores. Repetiu o ritual tantas vezes, quantas fosse necessário. Estava curada, julgava-se pronta. Não errou, não hesitou.
Num dia de coragem, permitiu-se ser inconsequente. Arriscou, veio o convite, voltou a magia. De volta aqueles momentos que eles só sabiam ser eles. E sabiam ser tudo. E transformavam-se em nada. Porque existia algo maior, grandioso e valioso que tomava aquele espaço físico e coordenava toda química.
Descobriram-se amigos, como nunca haviam deixado de ser. Descobriram-se atração, fogo, desejo. Nada consumado. Eram começo, eram paciência, eram respeito. Jóia, ou brinquedo novo, que se toca com mãos cuidadosas, cheios de melindres para não danificar. Foram medo, autodefesa, um tanto de melancolia. Medo, vontade. Medo, desejo, Medo, segredo. Medo, ansiedade. Não queriam o passado, não sabiam ser presente, não ansiavam o futuro. Qualquer maconha barata poderia ter o mesmo efeito passageiro como teve aquele sabor perdido do algodão-doce, ou do cheiro da orquídea que já não perfumava mais a sala.
Não ouviram o suficiente. Tornaram-se adultos cedo demais, e perderam toda aquela ingenuidade infantil que caía, machucava, e voltava a brincar. Tornaram-se chatos, cautelosos ao extremo. Como se a magia fosse um lance de ações na Bolsa de Valores.
Não souberam? Não queriam? Ela crê que não. Ele pediu: não vá embora. Não saia da minha vida. Ela se rendeu e decidiu ficar, mas não da forma como queria, mas do jeito que pôde. Os mais otimistas continuavam na torcida.
Ela chorou algumas noites, mas agora tinha o consolo de saber que ele também choraria. Perante ele, permaneceu em silêncio. Disse que colocaria um belo sorriso no rosto, o seu melhor perfume, um zíper nos lábios da paixão…e nada mais ele saberia.
Desejava, mas havia perdido forças. Ou talvez as tivesse substituído pelo respeito à decisão alheia. Foi assim, por cautela ou pela falta de força de vontade. Guardaram lá no universo paralelo as lembranças, o desejo, a dor e aquele amor em repouso. Era ali, o lugar mais seguro, onde talvez, se amariam por mais a vida toda. O lugar onde nada, nem ninguém, nem mesmo eles poderiam destruir. Talvez tenha sido melhor assim.

(Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência)

18 de maio de 2008

20 dias depois!

E me fala quem é que larga a felicidade?

Quem deixa o sonho de lado?

Quem escolhe ser infeliz?

Quem prefere a mesmice pelo medo do novo?

Me fala quem? Ninguém né?


Mentira! Tem gente que escolhe isso sim.
E pior ainda: coloca a culpa nos outros. Coloca a culpa em mim

:: Eu não sei se é a cidade que adormeceu os sentimentos
ou se sou eu que ainda espero demais das pessoas ::

15 de maio de 2008

Presságios de um futuro bom



Metade de mim agora é assim.
De um lado a poesia o verbo a saudade
Do outro a luta, a força e a coragem
pra chegar no fim. E o fim é belo
incerto...Depende de como você vê.
o novo, o credo, a fé que
você deposita em você e só.

10 de maio de 2008

Alucinação

...) Não estou interessado em nenhuma teoria, em nenhuma fantasia, nem no algo mais. Nem em tinta pro meu rosto ou oba oba, ou melodia para acompanhar bocejos, sonhos matinais. Nem nessas coisas do oriente, romances astrais. A minha alucinação é suportar o dia-a-dia, e meu delírio é a experiência com coisas reais. Um preto, um pobre, um estudante, uma mulher sozinha. Blue jeans e motocicletas, pessoas cinzas normais. Garotas dentro da noite, revólver: cheira cachorro. Os humilhados do parque com os seus jornais. Carneiros, mesa, trabalho, meu corpo que cai do oitavo andar. E a solidão das pessoas dessas capitais. A violência da noite, o movimento do tráfego. Um rapaz delicado e alegre que canta e requebra, é demais. Cravos, espinhas no rosto, Rock, Hot Dog, "play it cool, Baby". Doze Jovens Coloridos, dois Policiais. (...)

:: Amar e mudar as coisas me interessa mais ::
(Belchior)

8 de maio de 2008

O que

faz um

homem

amar

uma

mulher?

Siga esta onda

Related Posts with Thumbnails

Siga esta onda

Related Posts with Thumbnails