21 de agosto de 2011

Como é que se cuida de um grande amor?


Um domingo qualquer, eu observo. Não, não era um domingo qualquer, é apenas um domingo especial, como todos têm sido. Atualmente, o único dia da semana em que consigo parar, respirar e observar o mundo um pouco além do meu umbigo e dos compromissos profissionais. Ok, vocês já sabem que não era um domingo qualquer, mas não vou saber precisar quando foi exatamente que comecei a perceber isso.
Na verdade, há tempos percebo: cada casal da minha família, das tias mais velhas às primas mais novas. Todas lá...vivendo o amor. O amor eterno das que ficaram viúvas, o amor de uma família que nunca teve um caso de divórcio. Uma utopia modernista viva, num domingo nada qualquer.
E estão sempre todas lá. Muitas mulheres, numa família essencial feminina. E muitos homens, os "emprestados". Homens que chamo de tios, que reconheço como primos, homens que vão se casar em setembro, que foram pais ainda na adolescência. Homens e mulheres em relacionamentos de anos. Mil anos, 5 anos, 50 anos, 20 anos...três meses, menos de um ano.

Amores...

Como num filme de Woody Allen, fico inerte reparando cada carinho, ouvindo histórias...contos, causos. A mais recente era a de uma prima que descobriu o amor em um "vizinho de vila", que ela conhecia desde criança: "Ah, ele é primo da fulaninha e um dia soube que eu estava solteira, me adicionou no orkut, depois teve um churrasco e ele me recebeu todo animado. Depois, me chamou para o cinema, saímos algumas vezes e ele me pediu em namoro". Assim, sem respirar, como se o ar pudesse ser o inimigo do fogo que rege essa história. Os olhos brilham e não cabe uma única vírgula no discurso.

Em outros dias, é uma foto perdida que faz lembrar meu pai, e ouço minha mãe contar de quando eles iam para os bailes, de como se faziam companhia, de como ele preparava o café da manhã pra ela e ela jogava tudo na pia, porque ele sempre errava nas gotas do adoçante, mas ela nunca disse que estava ruim. As mentiras sinceras do amor...

Ah... as histórias. Todas tão minhas, como meus livros na estante. Todas presenciei, ouvi, torci e vi! Todas tão verdadeiras, tão "para sempre", como a maldade do mundo. Todas partículas de ensinamento dos pequenos segredos da vida. De quando a gente quer que algo nunca se acabe...

Como?

Chegou a minha vez de aprender. De perceber na pele que o brilho dos olhos dos outros também pode ser a razão do arrepio do meu corpo. Aprender, viver... Cada dia um pouquinho. Cada dia um pedacinho.

E foi então que entendi que viver rodeada de amor nem sempre é entender o amor, nem sempre é ter a sabedoria de se basear nos exemplos. Os amores da minha família, tão utópicos como 2 + 2 = 4. Desafiadores do tempo, da lógica moderna. Os amores das minhas amigas, tão inspiradores, tão reais, como as histórias de carnavais.
Tão verdadeiros como uma oração.

Se aprendermos odiar, também aprendemos a amar. E como se cuida desse amor? Se já conheço todos os problemas, incompatibilidades e desencontros que exterminam os grandes amores, quero descobrir agora aquele segredinho do "prato perfeito", da sabedoria que se adianta à receita, da intimidade que ultrapassa os manuais das revistas femininas. Das competências que traduzem o verdadeiro sucesso: saber amar.

Nada melhor do que observar os bons exemplos, as histórias reais.

E você, sabe como é que se cuida de um grande amor?

PS: Há tempos que eu queria voltar com o blog, mas estava buscando inspirações "mais leves". Este texto saiu depois de uma conversa, via Facebook, com meu querido Alexandre Gil. A foto que ilustra o texto é de minha autoria. Para os que não sabem, agora também sou fotógrafa. Se quiserem conhecer mais do meu trabalho, basta clicar aqui

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