27 de fevereiro de 2010

Tempo, Tempo, Tempo




Faça um acordo comigo. Espera um pouco, por favor. No momento, não tenho tanta força para caminhar no seu ritmo. Me deixa caminhar no meu andar e não me condene por isso. Não me permita perder a banda que passa, se por acaso eu dormir um pouco mais. E por favor, não me jogue nos corredores das coisas obsoletas, caso eu precise respirar, pausar, parar, respirar, antes de levantar e andar.
É que eu já fui melhor nisso de te acompanhar. Aliás, nos dávamos muito bem até alguns meses atrás. Lembra disso? Confesso que não lembro tanto mais, ou talvez não queira lembrar.
Hoje em dia, não hoje propriamente dito, mas de um tempo para cá, nosso compasso descompassou. Você tem andado muito rápido, querido tempo. E eu não. Eu tive que parar, colocar uma lerdeza nada poética no meu ritmo e não adiantou te ver marcando meus momentos no relógio do celular, na hora da academia, ou no horário das visitas do UTI. Alguma coisa eu não saquei. Eu tive que parar. Foi preciso lhe ignorar, deixar de ser tua amiga, deixar de andar contigo.
E durante um bom tempo, essa sua velocidade foi cruel comigo, me atropelou porque eu simplesmente não consegui me mexer para sair da frente. Quase todo dia um atropelamento, você tomou coisas de mim. As coisas, as pessoas importantes, que eu me distraí e perdi no caminho. Eu não te vi passar.
Foi assim que nos tornamos tão dissonantes. Poderia até dizer que agora nos tornamos inimigos, mas eu me prometi acreditar que um dia nos reencontraremos. E enquanto você for mais forte do que eu, querido tempo, por favor não me deixe perder mais do que já perdi. Não me dilacere mais. E se alguém pensar que estou submissa a você, ou que perdi o jeito de "fazer a hora e não esperar acontecer".
É isso mesmo. Eu perdi. Eu estou.

Eu espero.

Espero, porque esperar também é uma forma de acreditar. Espero porque agora tenho muito sono, muito cansaço. Espero, principalmente, porque quero não ter mais pressa, quero não calçar meus dias na expectativa de te alcançar. E quero não ser punida por isso, mas confesso que tenho medo.
Talvez, seja este medo que me deixa tão sonolenta. Que coloca em mim uma ausência de desejos. Pode ser. Mas eu espero. Talvez seja só o que sei fazer.
Espero pelo retorno do Bumerangue. Pelo momento que em possamos nos reencontrar novamente para tomar um café ou um suco e pelo dia em que vamos nos perceber parceiros novamente.
Enquanto isso, apenas lhe peço, não me deixe perder o crescimento dos amores que ainda amo, os quais você conhece muito bem. Não deixe que eu durma sem sonhar, nem que volte a desejar sem acordar. Não me deixa recordar, mas não me permita esquecer.
De alguma forma, mesmo de longe, mesmo tão melhor do que eu, não confirme a possibilidade de que talvez sejamos, agora, inimigos. Fique longe, seja mais ágil, eu aceito, mas, por favor, não se esqueça de mim. Lhe peço.

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