9 de fevereiro de 2009

Shame


Vergonha é uma sensação em desuso. Já me disseram. Mas para meus sentidos isso pouco adianta. Sinto toda vez que meus atos carinhosos são mal-interpretados e sempre que a ansiedade julga os atos dos outros com olhos de veneno. Minha vergonha é sem educação. Aparece quando menos imagino. Visita sem ser convidada. Exatamente na hora que o corpo percebe que ainda deseja quem não fez por merecer meu tesão.

De vez em quando, a guerra é feia, ela se traveste de ansiedade e desfila suntuosa pela escada rolante da minha verborragia. Não há muro de proteção que segure. É um tal de palavra errada na hora errada...É como cair da cadeira mesmo permanecendo sentada. Uma sensação de estar flutuando sem rede de proteção.

Quem me dera minha vergonha fosse discreta e se conformasse apenas com o rubor da minha face. Mais do que isso, ela tropeça, descarrega, grita, chora...E mimadinha que só, se arrepende depois.

Vergonha é uma pombagira que incorpora em mim para lembrar que o sangue não é de barata. Então é melhor cuidar do nível de entrega, porque a mocinha aqui não vai sobreviver a Bomba de Hiroshima. O tal do sentimento estranho chega quando a adaptação foi dar uma volta por terras distantes. E ai, lembramos que esquecemos de disfarçar o incomodo quando o carinha de dois dias atrás de repente, simplesmente, cisma de não querer.

Vergonha é aquela coisa inquietante, que te lembra que os outros estão de olho; lembra da promessa de dar orgulho aos seus pais e ao seu analista e que orou antes de dormir prometendo ser uma pessoa equilibrada e serena. E a tentativa quase sempre falha.

Nestas horas, onde a culpa é maior do que o prazer pode ser melhor mandar a vergonha ir pastar em outros corpos e te dar o direito de se mostrar incomodada. Mas sabe como é, ser frágil é ser fraco. Será? Se ter vergonha é ter recato, ser uma sem-vergonha devia ser a glória humana.

É bom não ter vergonha de ser honesto consigo mesmo. Nem pensar duas vezes antes de dizer para o outro: É me senti ferida, sim! É bom não ter vergonha para sussurrar eu te amo no ouvido da mãe, do irmão, do pai, ou do sexo masculino da vez. Bom ser sem-vergonha de recomeçar, de se mostrar humano, de errar e pedir desculpas.

A gente erra tentando acertar; prejudica tentando ajudar; machuca querendo consolar. E por aí, vai. A graça mesmo é ser sem vergonha. Despudorada, jogada na vida, como quem espera apenas o alento do próximo doce ou a saliva quente do próximo beijo.

A falta de vergonha, para nós meros mortais que só queremos comida, diversão e arte, deveria vir no manual de instruções de todo ser que se permite apenas ser...Ou talvez estar, quando lhe for mais conveniente. Quem sabe nem uma coisa, nem outra?

Só que a vergonha chega sempre sem ser evocada. E quando a minha vem, quase me sinto culpada por aquela conversa no domingo, por ter deixado claro minha chateação, por não ter tido os beijos que queria. Ter vergonha, na verdade, seria ter me comportado bem naquele sábado (Isso seria esperteza). Não ter vergonha foi ter ficado tonta com o verde dos olhos alheios.

E hoje, e talvez amanhã e depois, ainda no refluxo destes atos, acho que é melhor usar meu salto mais alto e mandar a vergonha ir $%#@&¨$%. Tudo com muita classe. Afinal, sou uma moça comportada.

3 de fevereiro de 2009

Depois daquele sábado

E até eu...

que sempre fui meio Polyana...

Já estou cansada de tanto acreditar...

E começo a me conformar a viver sem esperança...

(Eu vou voltar com um texto inteiro. Prometo)

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