23 de janeiro de 2010

Feitiço do Tempo



Com o tempo a gente aprende que nosso melhor amigo somos nós mesmos. Percebemos como é fácil focar naquilo e naqueles que realmente acrescentam. Trilhamos naturalmente o caminho da dissipação da nossa raiva e da nossa mágoa. Mais do que isso, sentimos na pele que o melhor remédio para a irritação e o mau-humor é dançar ao som de um bom samba-canção ou cantar bem alto uma música no Karaokê. Se errarmos a nota, ou tropeçarmos nos passos, não tem problema: teremos o dia seguinte para treinarmos novamente. Afinal, o tempo do prazer não urge, caminha devagar, no relógio das nossas emoções mais gentis.

Depois de um tempo, é nítido que bloquear aquele carinha escroto no MSN não é mais uma necessidade da sua decepção. Aliás, até aprendemos que o mundo virtual se derrete no compasso do botão Power e que portanto...não, não vale a pena. Você troca os minutos que gastava futucando o Orkut daquela amiga que você amava, mas que não te ama mais, pelos sites que tragam alguma boa informação para a sua carreira ou para a sua saúde. Ou então, você até descobre, ou redescobre, um livro. Um bom livro. E uma tarde sozinha, na praia, no shopping, ou numa livraria, lava a sua alma mais do qualquer show do Monobloco.

E aí, sabe aquele carinha que prefere pagode enquanto você curte rock e Chico Buarque, e que quis te levar para um Motel logo no primeiro encontro? Então, "não"...é isso mesmo, ele não combina com você. E a grande vantagem é que você perceberá isso e cairá fora sem se sentir culpada ou achando que vai morrer solteira. E até aquele rapaz bem gostosinho, super bom de cama, mas que não te dava o menor valor fora das quatro paredes, deixa de ser tão encantador assim.

A gente aprende a pensar com o cérebro de cima e não com o calor que corre entre as pernas da solidão. Talvez, pode até ser realmente que você passe o restante da vida solteira, mas a máxima "antes só do que mal acompanhada" será um lema sinceramente verdadeiro no seu estilo. Além disso, é impossível ser feliz sozinho porque simplesmente nunca estamos sozinhos, a não ser quando nos perdemos de nós mesmos.

Entre outras coisas, a melhor parte de se entregar à evolução do tempo é sacar que aprendemos a amar melhor as pessoas, amar com admiração, mas sem pieguices ou idolatria. Sacamos também que o que pensam sobre você é problema de quem pensa e que a nossa única obrigação é viverde acord o com a nossa verdade, com a humildade de entendermos que estaremos sempre no tempo do aprendizado.

Um dia, acordamos e entendemos que o nosso mundo é aquilo que chamamos de lar, e não o que entendemos como rua. E que o nosso lar é lugar onde o afeto da gente repousa. Aquele lugar onde suas energias são recarregadas apenas pelo fato de os seus pais te darem um abraço, seus amigos um carinho e seus sobrinhos uma gargalhada bem alta. Pode ser também aquele singelo barraco onde encontramos uma sopa bem temperadinha, água e almofadas confortáveis.

Com muita concentração interna, começamos a perceber também a unidade que existe em nós. Deixamos de ser um produto para a vitrine dos olhos dos outros. E ai, meu amigo...você saberá se vestir melhor para o seu biotipo e não para a MODA. A sua relação com o espelho será mais harmônica e gostar das suas gordurinhas a mais ou da sua perna fina será tão natural quanto o ar que respiramos. Deixe para os pirralhos mentais o ato de precisar pagar de gatinha ou gatinho, na esteira da auto-afirmação.

E as horas passarão sem o drama das urgências ansiosas. E ignorar quem te suga a energia não lhe dará nenhum trabalho. Os afetos que chegam e os afetos saem levam um pouco de ti, mas te deixam mais experiência, mais amor próprio, mais vida, mais inteira. Te deixam mais em si. E com tanta coisa no mundo que possa te estressar, você saberá priorizar aquilo que te alegra, que te provoca gozos de vida.

A sua educação não dependerá de ninguém, mas a sua paciência será o ingrediente secreto das especiarias dedicadas apenas aos merecem. Os outros...ah, estes você ignora. Naquela sutileza que só quem aprendeu a dar tapas na cara com luvas de pelica sabe.

Fica fácil, fácil como dois e dois são cinco. Pequenas lições que nos mostram que até quando dá errado, dá certo. Simplesmente, porque a vida não tem lógica alguma e a nossa única obrigação é entrar na roda e viver. Um foco não tão desfocado, uma euforia mais calma e decepções mais efêmeras. Eu não marquei na agenda os meus dias, apenas senti que chegaram. E neste dia, ou em todos os dias nos quais você perceber isso, finalmente saberá que a melhor coisa do mundo é quando o passar dos anos vem acompanhado da chegada daquele ingrediente maravilhoso chamado maturidade.

17 de janeiro de 2010

Colecionando Convidados


Pode chegar quem quiser, venha de onde vier. Não é festa para poucos, mas não busque propagandas em outdoors. A casa está aberta e a velha mania de me render à primeira impressão destrui-se no raiar da solidão. Então, nem se preocupe com a combinação da roupa, com a grana pra cerveja, ou com o carro mal estacionado. Também não se iluda pela roupa colorida ou pelo sorriso aparente. Há aqui uma certa timidez. E há também algo muito maior e melhor do que isso.
Vamos nos armar de possibilidades e escolhas. Daquelas em que não há contrato prévio combinando, são valiosas, simplesmente, na ação. Podemos viver um Céu de uma tarde única ou o deleite do Inferno consentido na convivência. Ou, sem tanto entusiasmo, seremos como borboleta que se assusta quando alguém se aproxima, mas aproxima-se se ficarmos quietinhos. Ali. À espreita.
Então, chega aê!
Traga quantos amigos quiser. Vamos cumprimentar os conhecidos na rua. Fazer amizade com a velhinha do ônibus. Esqueça quem se foi. Perderam a festa. Será que a foi a cerveja que acabou? Ou o papo não era agradável? Forget It.
Vamos combinar assim, nem precisa me contar tudo, nem prometa que seremos amigos. Vamos nos permitir vivermos amores, dissabores e melhores amizades de um dia. Ou apenas uma noite, quem sabe? Talvez dure além disso, se esquecermos de amarrar nossos afetos nos dias estáticos dos calendários.
Não se preocupe em deixar os sapatos na entrada. Não nos pautemos pelas regras. Ou podemos criar as nossas. Imagine os sapatos perto da cama? Ou da TV? Ou calce minhas havaianas brancas. Eu empresto. Sou boazinha!
Me conta de você. Apenas uma história engraçada, uma piada, uma fofoca. Façamos intriguinhas adolescentes. E não se preocupe com o tamanho do afeto. Não se pergunte se está agradando, nem peça desculpas. Apaixone-se pelo momento como se não houvesse amanhã, ou me leve assim...como a força revitalizante das águas de águas da Iemanjá. Gotas disfarçadas de mar no suor que escorre do rosto enquanto dançamos. Talvez eu só te conheça hoje, ou então somos amigos de anos atrás, coleguinhas de infância, do colégio ou parentes distantes: pouco importa. O cortejo dos festejos diverte-se com a roda viva do chegar, do viver, do ficar ou partir. Cinco minutos. Um século, um mês, três vidas e mais. A escolha se dará no vento do bem-querer.

5 de janeiro de 2010

Carpinejar

Ostentar a 
inteligência 
é o primeiro sinal 
de Burrice

Siga esta onda

Related Posts with Thumbnails

Siga esta onda

Related Posts with Thumbnails