
Se quiser falar seu nome, falarei das coisas minhas, das conquistas, dos projetos de trabalho, da programação das férias. Se quiser pensar, colocarei em meus pensamentos as poesias dos amores vindouros, as músicas que embalam o sono no caminho da ida e da volta para o trabalho, as histórias de Capitu. Quando quiser lhe contar quem sou e quiser que aprendas a me conhecer para aprenderes a ver sem a alma das pessoas grandes, ei de lembrar do carinho daqueles que freqüentam aqui e acolá, dos que escolheram pelo coração me dar um Bom Dia, ou um simples Oi, dos que se dizem e se provam amigos. É na existência deles que encontro chão e alimento. Não contarei mais saudades do nem sei o quê, nem a frustração da perda, do pedaço do corpo que falta, dos pesadelos no começo da manhã, pois a insatisfação não vem de ti, vem de mim, do excesso de foco em imagens inebriantes e difusas, do excesso da insistência no caminho perdido de Atlanta. Se por dentro lhe desejares, por fora explodirei sorrisos em vez de lamentações. Se ao passar pelo posto de gasolina da rodoviária e lembrar do lugar onde se escondes pela manhã, entenderei que onde estou é exatamente onde quero estar. E que se quiser voar é só fechar os olhos e falar com Deus. E o silêncio que denuncia a não opção de vir comigo pouco importa. Ainda sei como morrer no mar, sem precisar deixar de respirar. Ainda sei fechar os olhos e tocar a lua sem precisar de apoio. Aliás, aprendi bem antes de chegares. Do tempo que esperei, das falhas que cometi, da incongruência entre o que queria e o que tenho, da certeza interna dos nãos que me digo, acordei com tapas na cara e aprendi a ficar calada para escutar o que vem de dentro. Mesmo com o joelho ralado e o rosto quase inchado, escolho pela lucidez de perceber que foi apenas um tombo no meio do caminho. Não quebrei o corpo inteiro, não perdi o que não tive e mantive o andor do santo de barro intacto para as próximas grandes esperanças. (E elas virão!). Se antes era tudo muito colorido e agora parece negro é apenas uma questão de buscar o rosa, o amarelo e o azul nas novas atitudes dos tons de cinza.
...E como diria minha querida Maude
Isso também passará