27 de dezembro de 2007

2008...

Em contagem regressiva para 2008, em tempo de agradecimento por tudo de bom que me aconteceu este ano. Trabalho, amigos, amores, amizades coloridíssimas, novas pessoas, novos lugares, emoções, sabores, dança, estudo, voluntariado...redenção, perdão. Tudo...tudo, que pude ser capaz de ter, eu tive.
E, só por ter este blog a alegria é maior ainda. Das pessoas que conheci, das amizades que fiz, das idéias que troquei...até beijo na boca este blog me trouxe. Uhúúúúú.
Tem como não ser feliz? Impossível, né!
Então, aos que ainda tem alguma coisa a reclamar. Aos que acham que tudo poderia ser melhor...E sempre pode (sempre), coloco a letra deste samba delicioso. Até porque tem gente que é movida à música, eu sou à dança. Vocês sambem disso!

Bons presságios
Bons desejos
Boas esperanças

Fé...

O resto é festa!!!


Conselho
Almir Guineto
Deixe de lado esse baixo astral
Erga a cabeça enfrente o mal
Que agindo assim será vital para o seu coração
É que em cada experiência se aprende uma lição
Eu já sofri por amar assim
Me dediquei mas foi tudo em vão
Pra que se lamentar
Se em sua vida pode encontrar
Quem te ame com toda força e ardor
Pois só assim sucumbirá a dor (tem que lutar)
Tem que lutar
Não se abater
Só se entregar
A quem te merecer
Não estou dando nem vendendo
É como o ditado diz
O meu conselho é pra te ver feliz

19 de dezembro de 2007

I miss you

Quando você me magoou decidi lhe tirar da minha vida. Achei que tudo passaria. Que as saudades e as lembranças iriam junto com os deletes que dei. Deveria haver uma lei divina que levasse com algumas pessoas aquilo que era nosso. Se na hora de optar fui razão, porque então o coração, refúgio dos gostares infinitos, não cala a boca?

Ah, saudade é algo irracional. Pode ser por hábito, ou por falta de algo melhor, ou pelo tal do "dê tempo ao tempo" não ter sido depurado. Certa vez, ao fim de um namoro, o ex disse que não adiantava dar tchau porque o sentimento não iria junto.

Quando nos mandam embora é mais complicado. Ego e orgulho ferido, dor e tristeza. Tudo se mistura. Mas quando somos nós quem falamos "não quero mais", seja lá por qual razão for, deveria ser mais fácil. Não é! Ou nem sempre é! Algumas pessoas que gostei, e tive certeza quando tirei da minha vida, senti falta. De alguns durou pouco, de outros me lembro quase todo dia. Uma nostalgia gostosa. Nada que provoque choros, vontade de ligar ou fofocar orkut. Mas não nego a leve sensação interna, como suave brisa de primavera, de que deveria ter sido diferente.

Então porque não pensamos nisso antes do esgotamento? Ou porque a pessoa não percebe a falta e volta? Porque não tomamos mais cuidados? Porque será que é tão difícil assim pedir desculpas?

Não é vontade de retornar, mas construir o novo com a mesma pessoa.
Bastava saber que se importa também.

Sinto sua falta!

11 de dezembro de 2007

Mais do mesmo


Espero que todos esqueçam,
mas espero que se lembres.
E queira mais...assim como eu quero.
Mas nem isso há de saber.
Só se vier aqui.
Aliás, te dei o endereço, né?
Ferrou!

(Sei que é repetição, mas o clima tá dominando a semana inteira)

6 de dezembro de 2007

I Touch Myself

I love myself I want you to love me
When I feel down I want you above me
I search myself I want you to find me
I forget myself I want you to remind me

I don't want anybody else
When I think about you I touch myself
Ooh I don't want anybody else Oh no, oh no, oh no

You're the one who makes me come running
You're the sun who makes me shine
When you're around I'm always laughing
I want to make you mine

I close my eyes and see you before me
Think I would die if you were to ignore me
A fool could see just how much I adore you
I get down on my knees I do anything for you

I don't want anybody else
When I think about you I touch myself
Ooh I don't want anybody else
Oh no, oh no, oh no

I want you I don't want anybody else
And when I think about you I touch myself
Ooh, ooh, oo, oo. ahh

I don't want anybody else
When I think about you I touch myself
Ooh I don't want anybody else
Oh no, oh no, oh no

Tradução aqui


Notapé: As coisas mudam tão rápido, né? Impressionante, como apenas olhar para o lado (ou para a janelinha piscante do msn) pode fazer uma enorme diferença.

4 de dezembro de 2007

Desleal

Alguma coisa que explique sobre mim, neste momento, será uma mentira. Não que seja falsa, mas é por estar em plena ebulição. Até tempos atrás sabia muito, agora percebo que cada dia sei menos. Isso me agoniza. Não me deixa triste ou feliz. Me deixa apática. Não há nada pior do que ter a vida te dando oportunidades e desafios e não saber como aproveitar. Tenho tentado observar. Não enxergo nada. E quando penso que descobri conclusões o cenário muda e me perco novamente. Por vezes, tenho vontade de ficar calada. Como se o silêncio me pudesse fazer capaz de compreender. Em outras, grito. Preciso de platéia. Preciso de discernimento. Não quero ficar só.
Da última carta mal-jogada achei que estava encantada. Contei e a pessoa acreditou. Mantive os indícios do gostar por alguns dias. Num domingo qualquer, exatamente uma semana depois, percebi que menti. Aliás, confundi. Primeiro arrependimento de coisa feita. Achei que era bobeira, que estava me defendendo por saber (previamente) que não daria em nada. Não era. Realmente, confundi as sensações. Eu acho!
E isso trouxe a sensação de incompetência. Oras, é natural não conhecermos os outros, mas não conhecer a si mesmo. Isso é quase um pecado. Foi aí...é aí...que percebo que estou vazia. Não o vazio depressivo, mas aquele vazio de quem está renascendo...reciclando. E como fazer isso aos 25 anos. Não posso escolher não viver ou me dar um tempo até (re) aprender a andar direito. Não posso voltar atrás. Não quero perder o contato porque contei o que não tinha certeza, mas é fato de que fiquei vulnerável e isso me irrita.

"(...) Todas as ações são autodirigidas, todo serviço é auto-serviço, todo amor é amor-próprio. Está surpreso? Talvez esteja pensando naqueles que ama. Cave mais profundamente e descobrirá que não os ama: ama, isso sim, as sensações agradáveis que tal amor produz em você. Ama o desejo e não o desejado!"

Irvin Yalom


Como é que se refaz aquilo
que não se pode desfazer?

27 de novembro de 2007


"Há pessoas que nos falam e nem escutamos,
há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam,
mas há pessoas que simplesmente aparecem
em nossa vida e nos marcam para sempre."

(Cecília Meireles)


16 de novembro de 2007

Self

Cleaning Peace é uma filosofia seguida pela artista Yoko Ono, muito baseada no zen-budismo e no minimalismo. Para quem conhece um pouco do Budismo sabe que se trata de uma filosofia de vida capaz de ser vivenciada por pessoas de qualquer religião.


Cleaning Peace III
Tente não dizer nada negativo sobre ninguém
A-durante três dias
B-durante 45 dias
C-durante 3 meses
Veja o que acontece com a sua vida.
Cleaning Peace IV
Escreva todas as coisas que lhe provoca medo na vida.
Queime.Despeje óleo de ervas com aroma doce sobre as cinzas.
Sound Piece II
Ouça sua respiração
Ouça a respiração do seu filho.
Ouça a respiração do seu amigo.
Continue ouvindo.
Sound Piece IV
Cada planeta segue sua própria órbita.
Pense nas pessoas próximas a você como planetas.
Às vezes é interessante apenas observá-las
girando em suas órbitas e brilhando.

6 de novembro de 2007

Duplos Sentidos

Nem que eu bebesse o mar encheria o que tenho de fundo

1 de novembro de 2007

Na noite de hoje

O Amor é uma companhia
(Alberto Caieiro)

O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me
andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo
tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é
uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que
não sei como a desejar.
Se a não vejo, Imagino-a e
sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei
o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como
um girassol com a cara dela no meio

20 de outubro de 2007

Hoje é o meu dia, que dia mais feliz!!!!


Há 25 anos encantando o mundo...Rs...
E os pedidos? Nada demais. Eu só tenho a agradecer.

Fora isso, o básico: saúde, amor e paz.
Força e Fé...sempre!

Obrigada a cada um que esteve presente desde que fiz o blog
Obrigada pelos amigos que fiz aqui!

Obrigada por tudo!

15 de outubro de 2007

Princípios básicos


Esta é a última pergunta de uma longa
e interessantíssima entrevista com Arthur Xexéo.
Praticamente, a parte mais importante
pra quem está começando...

ABI Online E se você fosse professor universitário de um curso de Jornalismo, o que ensinaria a seus alunos?

Xexéo — O jornalista tem de ter duas qualidades básicas. Uma é a curiosidade; acho que é possível ensinar isso. A outra é a humildade, pois esta é uma profissão que — talvez por ser associada a essa história de quarto poder — permite que você se ache melhor que os outros, tenha o nariz empinado e se sinta com o rei na barriga. Isto acaba prejudicando o trabalho. A gente detém, ou consegue, a informação por uma única razão: não porque é mais inteligente, mais bonito ou mais gostoso, mas porque sabe que tem a função de dividi-la com a sociedade. É preciso ter humildade o tempo todo para saber que você é só o “cavalo” dessa história, que não é melhor do que ninguém porque sabe antes das coisas. Eu tentaria passar isso.

10 de outubro de 2007

9/10/2007


Hoje foi o enterro de um grande amigo e entre tudo que imagino passar nesta vida, isso era algo que sequer imaginava. Ver o sorriso de alguém que a gente ama desfalecer, saber que sequer conseguimos nos despedir e ter a sensação do NUNCA MAIS doí mais do que muitos possam pensar.
No velório, uma representante da religião do Diego disse que poderíamos estar nos perguntando "Onde falhamos". Seguindo, ela disse do quanto estamos sempre tão ocupados com nós mesmos que não conseguimos ouvir os gritos de socorro silenciosos de quem está ao nosso lado.
Não sei se Diego gritou. E também não sei se poderia ter feito algo para evitar. Fui praticamente a última pessoa a vê-lo antes do ocorrido, e isso me aliviou. Ao mesmo tempo pensei nos que ficaram, pois pelo meu "parceirinho" só me resta orar.
Pensei em quantas vezes enchemos a boca para dizer "sou teu amigo" e sequer conseguimos exercer o olhar íntimo: aquele que enxerga onde está escuro e que tem a capacidade de ouvir e sentir o que não está sendo dito nem demonstrado claramente.
Precisamos parar de nos desculpar pela falta de tempo, pela correria. Por favor, meus amigos não fiquem em silêncio quando algo doer em vocês. Gritem, por favor. Gritem. Chamem-me, peçam ajuda. E não me deixem só quando eu precisar.
Um simples Oi, um recado de saudades, qualquer demonstração verdadeira pode fazer a enorme diferença na vida de cada um. Não abram mão do básico, daquilo que aprendemos em casa: Bom dia, boa tarde, boa noite, obrigada, não há de que.
Façamos um trato? Esqueçam qualquer briguinha pequena, esqueçam qualquer coisa do passado, olhem para frente e enxerguem o futuro repleto de pessoas especiais, cuidem daquelas que estão no seu presente e seja grata com as do passado.
Não excluam os que amam vocês. Perdoem as mágoas. Tudo é tão pequeno diante da grandiosidade e da fragilidade da vida. Valorizem isso. Valorizem cada contato de orkut, MSN, colega do primário, vizinho, irmão, parentes, colegas de trabalho.
Amem, nunca abram mão disso.
Nunca duvidem do poder do amor, da gentileza, do sorriso, de um torpedo de saudades pelo celular. Não há nada que dissipe o mal além do próprio bem.
Não se prendam em coisas pequenas, transformem a irritação em flores, em poesia. Valorizem a luz do dia...o cair da noite. Olhem em volta, orem por aqueles que precisam, do mendigo ao seu chefe. Tenham paciência, acreditem no processo da vida. Não se desesperem. Não desistam...Por favor, não desistam.
Para os que se sentem solitários, escrevam, façam um diário...Registrem aquilo que dói ou o que alegra. Adorem o mar, os bichos do zoológico, as flores da árvore da rua.
Sorria junto ao sorriso de uma criança, não se irritem com o choro de manha ou de fome.
Não hei de citar nomes, não por medo de esquecer, mas porque decidi permitir que meu coração fosse do tamanho do oceano e com a quentura de um coração de mãe. Nada está fechado, nem a alma nem meu peito. Nenhuma lágrima dói tanto quanto a sensação da ausência de quem se ama. Abram suas mentes, dissipem pré-conceitos, julgamentos superficiais. Escutem...Escutem...
Por favor, valorizem que valoriza vocês. Não desprezem um abraço, um sorriso, não se negligenciem. Tenham paciência com os mais velhos. Troquem a fofoca de bastidores por uma palavra de apaziguamento. Orem...Orem. Acreditem no poder de Deus ou de algo superior a nós.
Não desistam nunca. Não cansem. Digam muito EU TE AMO. Façam das suas vidas a maior dádiva do universo e façam ao próximo o que gostariam que fizessem com vocês. E AMEM...Pelo simples valor e prazer do ato de amar.

Mil abraços e mil beijos no coração de cada um.Aos que puderem, orem pelo meu amigo Diego Pader y Terry

7 de outubro de 2007

Invictus

Autor: William E Henley
Tradutor: André C S Masini

Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.
Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.
Além deste oceano de lamúria,
Somente o horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.
Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.

25 de setembro de 2007

Descompasso

Ela queria ficar só, mas ao acaso, e num bailar insistente, ele a tirou para dançar. Foi samba de gafierra, forró, Chico Buarque, Cartola e Zé Kéti. Ele a conduzia e até percebeu seu jeito impulsivo de rodopiar. Estratégico, forçava os passos e vibrava ao sentir corpo dela deslizar sublime pela pista. Entretanto, negligente, ou um tanto desligado, se perdeu na multidão do salão. Esqueceu a menina ali. Foi bailar com outra. Não contou a ela, mas também não soube se esconder. A dama quis sair correndo, pois já passava da meia-noite. E como nos contos de fadas, sabia que a carruagem viraria abóbora. Porém, esperou um sinal, uma próxima canção ou, talvez, qualquer melodia que encantasse seus maus presságios. Acostumada a tropeçar, pela primeira vez sentia que valsava em solo seguro. Sem medo de escorregar, cair ou afundar os pés. Cavalheiro burro! Esqueceu do princípio básico das regras do salão: eis que se pensar na dama, sempre! Errou pela vaidade e por subestimar a capacidade dela de perceber os passos descompassados. Depois se desculpou e convidou-a novamente para bailar. Foi em vão. Não que ela não quisesse dançar. Por certo, lamentava ter perdido seu melhor par. Mas era tarde. A música parou! O baile acabou! Todos saíram para outras pistas. Só o tal pé-de-valsa ficou. Ali, em solo, sapateando em pedras! Ela sequer olhou para trás. Conhecia tão perfeitamente todos os ritmos, que nem no pé permitiria ser pisada.

21 de setembro de 2007

Apenas 10 dias e...

1 kilo a mais, perfume novo do freeshop, tango no pé, três cd's na bagagem, cartão de crédito estourado, 5 pesos argentinos, alguns dólares, presentinhos para quase todos, mais de 600 fotos, uns 10 vídeos, muitos alfajores, doce de leite e bugingangas, dicas de viagem para os que quiserem, maquiagem nova, camisa do Boca, vários mails e telefones anotados e muita...muita história pra contar. Saudades de tudo, de todos, daqueles beijos alemães, de dançar tango com ele, de beber no pub, de beber na hora do almoço, do café e da janta, do submarino do café havana, de passear na calle florida, de morrer de dor nos pés de tanto andar, de adorar tirar fotos com os amigos, de todos os brasileiros maravilhosos que conheci, da água super quente e do banho de banheira, do pão com doce de leite e manteiga no desayuno, de morrer de rir quando não entendiam o que eu falava, de ensinar português para o alemão, de andar de mãos dadas...que delícia...de explicar para os hermanos que o RJ não é tão violento como no filme Cidade de Deus...e de muitas, muitas coisas mais...

De volta a realidade...
De volta ao mesmo lugar
Só não voltei a mesma pessoa
...E essa é a melhor parte...

Um dia antes do último dia

Apenas 10 dias
E tanta (Muita) coisa mudou...

(Puerto Madero)

21 de agosto de 2007

Os homens da Minha vida - Parte 1

Sou quase o complexo de Electra. Sim, amava meu pai. Foi o primeiro amor, e tornei-me cobaia das peculiaridades sutis do sentimento: me descobri ciumenta. Um dia, ao voltar da escola soube que ele não foi me buscar porque ficou brincando com a filha do pedreiro. Quando vi aquela nojentinha estragando minhas canetinhas e lápis-de-cores aproximei-me e perguntei a ele se era verdade. Quando o "adultério" confirmou-se explodi. Minha mão de 7 anos foi com toda força na cara de meu pai.

Tal ciúme me fazia deboche de parentes, que "brincavam" dizendo que mamãe ia cortar a barriga dele. Aliás, isso foi muito usado pelas coleguinhas da rua. Chorava muito cada vez que ouvia a história.

Eu cria em bobagens assim. Meu universo lúdico servia para o bem e para o mal. Juro que vi Papai Noel trazer minha primeira bicicleta, mas sofria só em pensar perder meu pai. Em erros e acertos, me orgulho disso. Nos tornamos cúmplices. Ele compra meus sonhos. Vive com os pés no chão e a cabeça nas estrelas. Como eu! A racionalidade pertence a minha mãe. Nós somos os loucos. Acreditamos na fantasia.

"Meu primeiro porre" foi com ele também. Durante um passeio, parou num bar. Brincando deu-me uns dois goles de sua cerveja e esqueceu de avisar minha mãe, que sem saber, deu mamadeira por cima. Isso mesmo: mamadeira. Eu tinha 1 ano e meio.

Era natural ficarmos grudados todo tempo. Comer manga verde com sal, repassar as lições da escola, tomar banho de piscina o dia inteiro, sair para "explorar" as florestas do bairro ou dormirmos juntos quando eu tinha medo dos filmes de terror na madrugada. Mas tinha a parte que ensina, disciplina, estimula a leitura, a assistir o telejornal, esmiuçar a parte de política e economia dos impressos. Essas coisas de pai!

Anos depois, na colação, gritei do palco, que era por ele. Anos antes, vi seus olhos marejados na valsa da festa de 15 anos. Tempos depois, chorou novamente ao ver outro homem me fazer sofrer. Ano passado, ficou frágil, na cama do CTI, após a cirurgia do câncer. Eu choraria de medo, deveria ter chorado, mas fui só sorrisos, quando a única coisa que a anestesia o deixou falar foi: olha enfermeira, essa é minha filha. Ela é jornalista. Ela é jornalista!

Minha infância tem a lembrança daquele homem que diz, sem abrir a boca: vai em frente, tudo vai dar certo. E para completar o incompleto, ainda tenho a certeza que a segunda frase do post está no tempo verbal errado. Não amava. Eu amo!

13 de agosto de 2007

Sudoeste

Tenho por princípios nunca fechar portas,
mas como mantê-las abertas o tempo todo
se em certos dias o vento quer derrubar tudo?
(Adriana Calcanhoto)

26 de julho de 2007

Papo de Redação

Ela - Nossa, tá todo mundo de olho na nova estagiária.
Ele - Bonita e gostosa. Fazer o que? Chora, querida.
Ela: Tá de sacanagem comigo, né. Até parece que tem muito gatinho aqui.
Ele: Hehehe!
Ela: Fala sério, nem é tão bonita assim. Eu achei meio Raimunda.
Ele: Olha o despeito...
Ela: Sério mesmo! Mas na boa, o que vocês preferem: bonita ou gostosa?
Ele: Depende. Se for muito bonita, não precisa ser tão gostosa. Se for muito gostosa, não precisa ser tão bonita.
Ela: Que coisa escrota. Nem vou perguntar sobre mim. Depois dessa tive medo da resposta.
Ele: Hum...você quem sabe...
Ela: Ah, na boa. Fala logo. O máximo que pode acontecer sou eu entrar na academia amanhã ou ir no Pitangy fazer uma plástica
Ele: Não dá, já te expliquei.
Ela: Explicou o que?
Ele: Não tenho como avaliar assim tão superficialmente. Só com uma análise mais aprofundada...
Ela: Credo... tu é escroto mesmo.
Ele: Sou nada. Só seria muito leviano da minha parte fazer um julgamento tão superficial.
Ela: Ai, você me dá nojo!
Ele: Você perguntou sobre ser bonita e gostosa, mas tem um porém... nem uma coisa nem outra garantem que a mulher seja boa de foda.
Ela:Seu podre! Não acredito...
Ele: São três, então, as características fundamentais pro julgamento: se é bonita, se é gostosa e se é boa na parada. Cada qual tem sua importância...
Ela: Desisto. Vou voltar a trabalhar!

23 de julho de 2007

As páginas amareladas

Nem sei porque, apenas estou na fase onde palavras preferem o silêncio. Olhando de dentro, bem instrospectiva. No ponto do corte do exagero. Tenho pensado em muitas coisas...não meras divagações, mas sim a busca da assertividade. Tem muita coisa fora do eixo, descarrilhadas por mim. Nem tenho a quem culpar, e se tivesse não faria. Nem a TPM tem responsabilidade. Não, não estou triste, depressiva ou algo assim. Nem com problemas gigantescos, parente morrendo, falta de grana, irritada ou estressada. São apenas pequenos atos, que executados sem reflexão provocam estragos quase irreversíveis.
Uma coisa leva à outra. É sempre assim. Os eventos vivem associados. Ontem, no trabalho, um cara devolveu o livro que tinha emprestado há tempos. Na hora, estava lendo um blog, com post sobre livros que marcam. Logo pensei naquele. Ao conferir a devolução, reencontrei minhas anotações nos cantos das páginas. As linhas sublinhadas, as histórias associadas à pessoas que conheço. Muito de mim ainda naquelas folhas. Pouca coisa tinha mudado. Talvez seja isso que chamam de personalidade. Lembrei da pessoa que me fez ler o livro. Ao chegar em casa, ele ainda ali, mais de um ano depois, online no gtalk. O mesmo cara das páginas amarelas. Nada mudou! Talvez nem eu!
Tenho essa mania estranha: associo livros e pessoas, livros e acontecimentos. Tudo marca, mas nunca releio nada, porque sempre acho que reler é mudar a lembrança e gosto que o passado permaneça no pretérito.
A vontade de parar virou decisão. Hora certa da solidão me embalar e o silêncio explicar aos outros minha ausência. Não quero responder mais nada. Muito cansada dos porquês vazios de intenção. Pode parecer que cobro algo e não é. Não preciso que ninguém mude por mim, mas só jogar limpo não significa que eu vá querer entrar na disputa. Certas competições não valem à pena nem quando a gente ganha.

17 de julho de 2007

Passagem de Tempo

1996 (4 anos) / Na época, ainda conseguia pegá-lo no colo e levar para dormir no meu quarto. Tempo em que ele não gostava de ir a escola e brincava na rua quase o dia todo. Não me chamava de tia, assim como não chama até hoje, mas também não pedia dinheiro de cinco em cinco minutos.

2007 (15 anos) / Comprei o presente domingo. Na manhã de hoje, lembrei, mas estava cedo para ligar. Ao chegar no trabalho só queria dar-lhe parabéns. Eis a surpresa: tinha ido levar a namorada em casa. Que susto. Como assim, meu bebê tá namorando? E nem me contou nada. Aliás, os pais só souberam hoje. Esperto. Deixou para apresentar a menina no dia do aniversário. Minutos após a ligação, ainda no baque. Ele cresceu! Meu menino agora pensa em meninas (Graças a Deus). Veio um filme na mente. Lembrei dele pequeno, chorando para ir pra escola, brigando com a irmã por causa de brinquedos. E sempre do meu lado. Pensei nele independente, adulto, sem precisar de mim para nada. Falando de sexo com os amigos. Se ele cresce, eu envelheço. É isso, né? Me senti mãe que protege a cria e quer sempre todos na barra da saia. Imaginei outras coisas doidas (não vem ao caso agora). Sorri sozinha olhando a foto. Se entender a passagem do tempo é isso. Então tá tudo bem!

16 de julho de 2007

Na Pós

...A religião é uma coisa só com a sociedade da qual faz parte. Assim, não existem religiões falsas. Todas, a seu modo, são verdadeiras; todas respondem, mesmo se de maneiras diferentes, a determinadas condições da existência humana. As crenças religiosas exprimem, em forma simbólica, a adesão total do indivíduo ao sagrado, a uma “outra” realidade, que para o crente é transcendente, mas para Durkheim é imanente: a própria sociedade, isto é, uma realidade que “transcende” o indivíduo, mas que se coloca dentro do horizonte mundano. Qualquer coisa que a solidariedade social promova (festa, guerra, o sexo) pode ser religiosa?

Acordei focada no sentido da última frase do parágrafo

30 de junho de 2007

Só de sacanagem!


Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba"
e eu vou dizer: Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar
mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos vamos pagar limpo a quem a gente deve, e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o scambau. Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal". Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal.
Eu repito, ouviram? IMORTAL!
Sei que não dá para mudar o começo mas,
se a gente quiser, vai dá para mudar o final!
Só de Sacanagem, Elisa Lucinda
-------------------------------------------------

Com nó na garganta pela empregada doméstica espancada. Chateada com a guerra urbana do RJ. Cheia de engolir à seco e manter a pose de pessoa educada que me impede de mandar muita gente ir TOMAR %$#@*&@#.
O que estamos nos tornando no meio disso? Tão egoístas e só pensando no próprio umbigo, transferindo a responsabilidade. Nem greve mais este povo faz direito. Onde foi parar a dignidade? Perda tempo fazer protesto contra violência na praia de Copacabana.
Estamos virando bichos. Selvagens como no tempo das cavernas.
Acordamos estressados por causa do chefe, pelo filho que vai mal na escola, pela esposa que não quis transar, pelo cara que só queria te levar para cama e nada mais. Lemos o jornal; a raiva aumenta; vira trauma. Ninguém faz nada. Tranque-se no seu apartamento e defenda-se blindando o carro ou indo passar férias na Disney.
Sequer nos lembramos de cumprimentar o motorista do ônibus.
Esquecemos do básico, do que aprendemos na pré-escola:
Dá licença, Bom Dia, Por Favor, Muito Obrigada!
Isso é selva. E não quero fazer parte disso.
Em depoimento para o documentário sobre Vinícius de Moraes, Chico Buarque disse que se o poeta fosse vivo estaria em depressão. Porque jamais seria feliz vivendo num mundo como esse.
Quem ainda consegue ser feliz. Não estou falando de ficar alegre. Colocar uma gargalhada na cara é fácil, dizer que está tudo bem é mais fácil ainda. As máscaras e a alienação foram criadas para isso. Bem, prefiro colocar meu sobrinho para dormir comigo e abraçá-lo por toda noite. Encher os olhos de lágrimas ao escutá-lo dizer que orou pelo amigo da escola porque sabia que ele ia apanhar da mãe. Quero levar a minha mãe ao cinema, mesmo que ela durma quase o filme inteiro. Preciso dizer Eu Te Amo ao meu pai para que, na correria do cotidiano, ele sempre tenha certeza disso. Quero passear de barco com meu irmão. Confidenciar segredos as minhas melhores amigas. Mergulhar no mar sem medo da bolsa ficar na areia. Quero falar que amo sem ser judiada ou ignorada por isso. Quero ouvir eu te amo. Quero respeito, caráter, liberdade e honestidade. Quero respirar. Preciso!

22 de junho de 2007

Carpe Diem

A água bem quente relaxava qualquer tensão. Escolhi os cremes e óleos mais cheirosos e a roupa mais macia. Passei direto pelo computador, não era hora de ver e-mails. Desliguei a TV, o som também. Uma oração...Deitei.
O sono chegou calmo. Dopante como é todo dia, mas, desta vez, bem mais tranqüilo.
Nem o sol refletido entre a cortina me acordou. O café-com-leite, bem doce e quente, que ela me trouxe, fez as honras de despertador.
Dia de florir os campos. Flores e mais flores na manicure. Quieta, deixei que ela fizesse as escolhas. Só prestava atenção na reprise da primeira temporada de The O.C.
O corpo ainda dolorido pelo cansaço da noite anterior. O inchaço da TPM sinaliza que a lua cheia está próxima. Comida da mamãe. Alimento para a alma e para o corpo. Nos braços de Morfeu.
Hora de trabalhar. Atrasada...E calma. Como se fosse a hora certa. Os 5 minutos que cheguei após o horário do ônibus fez perceber que motoristas também se atrasam.
A leitura cansou as vistas, como sempre, mas não consegui dormir. Fechei os olhos e viajei...Longe...Bem Longe...Nem o cara que dormia e quase caía em cima de mim tirava-me as doces músicas cantadas mentalmente.
Piadinhas implicantes pelo atraso. A preguiça só me arrancou um leve sorriso amarelo. Algumas pessoas on-line, pequenas saudades satisfeitas só de olhar os nomes na lista de amigos. Permiti-me, apenas, a combinar a viagem. E imaginei...Dois dias, boa companhia, música, história, conforto e certeza, dança, gastronomia, frio...Perfeito!
Sorte de bons presságios: saí cedo. Ônibus perdido: Não estava com pressa. Logo, outro passaria. Sono leve no caminho de volta, parecido com o da ida.
Em casa, conversas boas sobre a viagem. Felicidade em ver a brincadeira de quem só queria me fazer rir. Conseguiu!
Um pouco de palavras on-line, mais sobre a viagem. Mais sobre mais um pouco. Este texto. Um pouco de novela. CSI Miami...
Água quente, bem quente. Adorno de um dia de ouro branco. Os cremes e os óleos mais cheirosos, a roupa mais macia...Desliga o computador e abaixa o volume da TV.

Escolhas que mudam o dia!

14 de junho de 2007

12 de junho


14h35m

Vem; Encaixa; Mais forte, Me invade; Joga a perna; Isso…
Força; Mais força; Concentra na perna; Olha-me nos olhos;
Nos olhos…Sorri; Assim… linda; Mais forte; Pisa longe; Mais longe;
Me abraça…Vem sem medo…Não vai me machucar. Confia em mim
Encosta no meu rosto; Fecha os olhos; Concentra;
Encaixa de frente…Isso; Muito bem, menina! Boa…Muito boa…
Você é ótima. Vem cá, me abraça. Isso…perfeita!

9 de junho de 2007

Velho Ditado

Sempre desconfio do que é perfeito demais. Desde pessoas que me elogiam sem conhecer até as que conhecendo não criticam. Sou acostumada as críticas. Desde sempre. Uma amiga disse que personalidades como a minha não passam despercebidas, por isso sempre causam afeição ou estranhamento.
For myself, sempre fui esquisita. Do tipo que promove um discurso interno altamente bem fundamentado e 30 minutos depois desfaz com a mesma facilidade com que pisa numa formiga. Porém, acredito no ser humano, acredito mesmo! Naquilo que ele é e não no que está, mas a questão é que cenários perfeitos me deixam atordoada. Toda mulher tem um tipo de cara ideal. E enquanto esse tipo não chega ela vai se divertindo com as cópias. Não é diferente comigo. Meu tipo de cara está construído na mente, nem sei bem exemplificar. E eis que de repente ele surge. Enfim, o tipo certo de cara errado. Muito de acordo com meus padrões imaginários (super contemporâneos, diga-se de passagem). E o melhor de tudo: está afim de mim! Iupi!
Então vêm os questionamentos (sempre eles): bem, se o cara é muito galanteador deve ser assim com todas para ver se cola. Se disser que eu sou gostosa, elogia minha aparência e depois diz não estar interessado só em sexo, deve estar mentindo para depois dar o bote. Se gostar das mesmas músicas estranhas que eu, só pode ser um E.T.
E se for nerdizinho...Aí ferrou.
Eu amo nerdizinhos, mas sei que não faço o tipo de garota por quem esses caras se apaixonam.
Aí recordo o ditado da vovó (mas eu não tive vó, quem me ensinou foi mamãe mesmo): "quando a esmola é grande o santo desconfia". Bem, se até o santo desconfia, também tenho esse direito.
Mas não queria estar assim. Não nesse momento. Essa leve desconfiança me faz cometer erros de percurso. Aí o bolo todo desanda e lá se vai mais uma chance. Isso é bem discurso de garota que já se ferrou muito em relacionamentos e agora tem medo de se apaixonar. Isso mesmo, essa sou eu! E com medo vou seguindo. Buscando a medida da prudência para não me envolver demais até ter algum tipo de certeza (será que um dia a gente tem?), e ao mesmo tempo me deixando levar para curtir o melhor disso tudo.

Nossa, esse post está estilo desabafo. Vou publicar assim mesmo!

6 de junho de 2007

O desafio da lista

Quem será que consegue responder o menestrel?

A Lista

Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você já desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora
Hoje é do jeito que achou que seria?
Quantos amigos você jogou fora
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber
Quantas mentiras você condenava
Quantas você teve que cometer
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você
Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você

Oswaldo Montenegro

Prólogo

"Como é cansativo ser 'bom',
e como eu me respeitaria se
pudesse explodir e infernizar
a vida de todo mundo durante
24 horas sem exageros:
incorporar o egoísmo."

Alice James

Eu sempre caio em lábias poderosas (Saco!)
_______________________________________________________

Prólogo
do Lat. prologu < Gr. prólogos, o que se diz antes
s. m.,
prefácio; preâmbulo; proémio; prelúdio;
parte de um drama que era representado
por uma só personagem, antes da peça propriamente dita.

("Antes da peça propriamente dita". Sacou, né?)

1 de junho de 2007

"Quando alguém lhe provocar irritações,
pegue um copo de água,
beba um pouco e conserve o resto na boca.
Não a ponha fora, nem a engula.
Enquanto durar a tentação de responder,
deixe a água banhando a língua.
Esta é a água da paz."

Chico Xavier

31 de maio de 2007

A primeira morte

O telefone tocou de madrugada. Acordei no susto, com a voz embargada e a cabeça tonta, achando que era sonho e estranhando ainda não ter amanhecido. Atendi e a voz do outro lado perguntou:

- Quem está falando.
- Você que liga e quer saber quem fala? Respondi.
- Ele insistiu: sim, eu preciso saber.
- Finalmente respondi: é Jaqueline
- Aí veio a notícia: Jaque, aqui é seu tio Orlando
- Fiquei quase sem voz e disse: Já sei! Minha tia morreu, né?
- Ele confirmou: sim, foi esta madrugada

Pelo som do telefone, minha mãe foi até meu quarto. Contei a ela e após conversar o tio, fomos acordar meu pai. Irmão da tia. Foi estranho como aconteceu. Minha mãe o chamou e saiu de perto. Me ajoelhei na cabeceira da cama e disse: Pai, a tia morreu!
Ele apertou os lábios com força, enquanto segurava minha mão. Disse que estava tudo bem e já estava esperando por isso. Pedi para ele lembrar do que líamos nos livros do Kardec e entendesse que a morte é só uma passagem física. Ele disse que entendia e sabia que tudo ia passar. Segurando a mão dele pedi que chorasse. Negou-se! Estranhei, porque ele tem sensibilidade muito forte; e nunca teve pudor de demonstrar sentimentos.
Voltei para a cama. Percebi que nunca tinha chorado pela morte de ninguém. E também fazia algum tempo que não via meu pai tão frágil. Não parei de chorar, mesmo sabendo que a tia está bem. Nestas horas a religião ajuda, mas a dor era pelo meu pai ficar sem ela.
Ela era a irmã mais velha e sempre o tratou como se fosse filho. Todos os dias eles se ligavam só para dar bom dia e saber se tudo estava bem. Pequenos gestos que na correria do dia a gente nem percebe, mas são justamente atitudes assim fazema vida valer a pena.
Tentei dormir. Fechei os olhos, mas as lágrimas desciam como água de cachoeira. De longe escutava a voz dele conversando com minha mãe. Não consegui ajudar. Não consegui ficar ao lado dele. Ficava pensando na minha tia e nos motivos de saúde que provocaram sua morte. Lembrei de quando ela perdeu o filho, em 2005, de câncer no estômago. Um cara novo, forte, parecia segurança de boate; e que ela viu definhar até a morte em cima de uma cama. Pensei na depressão que tomou conta da sua vida após o episódio. Pensei em tanta coisa. Lembrei que a escolha do meu nome foi influência dela, mas, ainda assim, sempre me chamava de Jajá. Jaqueline era como chamava a minha mãe. Recordei de como brigava com meu pai porque ele me deixava brincar solta na rua e ela tinha medo de que me levassem, pois dizia que eu era muito linda. Nem conseguimos nos despedir.
Fiz uma pequena prece para que fizesse uma boa passagem e para que entendesse que vou cuidar bem do irmão dela. Chorei mais um pouco e dormi.
Hoje, pela manhã, foi estranho ver como a vida continua. Minha mãe não deixou eu perder o show do Chico para ir ao velório. Meu pai sorria e conversava com a gente como se nada tivesse acontecido. No telefone, meu tio dizendo que só ele e minha prima estavam lá. Vi meus pais saindo. Fiquei com vontade de ir junto...Mas não fui.
Mal consigo abrir os olhos, pareço uma japonesa de tanto que chorei. O rosto está inchado e tem muita coisa rolando na minha cabeça. Senti saudades dos meus irmãos, mesmo tendo eles tão perto. Tive vontade de dizer eu te amo para algumas pessoas e tirar de vez outras da minha vida. Sei lá. Ainda está doendo, foi a minha primeira morte, a primeira vez que chorei por alguém que faleceu e por outra que ficou.

# Encontrei esta imagem na internet ao acaso. Digitei "solidão" e ela apareceu. Me lembra ela e meu pai #

29 de maio de 2007

Prelúdio

Foi o beijo não provado. O sorriso não contemplado. O nome que não soube. O metal que não sentiu. O cabelo que não cheirou. A altura que não precisei encarar.
O salto machucaria, a roupa não cobriria o frio que teus braços não entederiam de apartar. Era tecido novo, mas sensação adormecida. Nem nova, nem inédita, mas por vezes vencida. Omitida na rapidez dos diálogos, nas palavras não ditas e nas incompreendidas. No olhar baixo que a timidez revela. Na própria timidez exposta ante o rubor das mãos (aquelas que, por vezes, foram encurraladas sem chance de retórica). Se relesse as palavras, com calma, poderia ter percebido a tática esperta, e por deveras usada. Se abrisse as gavetas, colocasse para fora as cartas anônimas (imortalizadas no muro negro), reconheceria o bate-estaca da repetição. Ao menos, para ser história, para merecer ser, é necessário não ter muito valor. Equação estranha e de resposta tão esquisita quanto: o que menos causa emoção é o que mais fica exposto.
Ainda assim, não compreendo a versão, pela simples ausência dos sons que nunca ouvi. Poderia chamar-se algo do tipo: " a volta dos que não foram". Parece engraçado? A ironia é um recurso que esconde algo profundo, ocultado pela covardia.

E sei que tens a tenacidade de bater a porta e excluir (É por ti mesmo que aprendo quem sois)...
A porta se fechou há tempos.
Eu sei!

[No sonho confessado, fechava
os olhos quando perguntavas
o que tanto desejava.
Pena que não soube a resposta]

15 de maio de 2007

Everything

Tudo é uma questão de manter
A mente quieta
A espinha ereta
E o coração tranquilo
Tudo é uma questão de manter
A mente quieta
A espinha ereta
E o coração tranquilo
A toda hora, todo momento
De dentro prá fora
De fora prá dentro
A toda hora, todo momento
De dentro prá fora
De fora prá dentro

1 de maio de 2007

Um pouco de poesia

CLARO ESCURO

"Conta-me...
Como é o sol, lua sincera?
Encanta-me...

Teu lume azul, tua esfera.
Daríamos valor ao dia
Se a noite não nos fosse companhia?

Teria eu tua presença, sol, astro amigo
Se o claro fosse do escuro inimigo?
E as cores, na ausência da intensidade

Pintariam retratos com tanta propriedade?
E a luz própria, que procuramos descobrir
Teria algum sentido em surgir?

Se tudo nascesse claridade
E da penumbra não surgisse...
Onde estaria a felicidade
No fim de uma jornada que não existisse?

Conta-me...
Como é o sol, lua sincera?
Encanta-me...
Teu lume azul, tua esfera."

5 de abril de 2007

Da série: Criança é fogo!

Quinta-feira, 11h30m

*Estava calmamente no meu quarto, quando meu sobrinho
de 13 anos (que mora comigo) entra e me pergunta:

- Você é espírita né, Jaqueline?

- Sim, sou! (respondi)

- Então me explica: quando morrer para onde que eu vou?

Putz! Pensei na mesma hora:
Porque ele não me pergunta de onde vêm os bebês.

Ops!

1 de abril de 2007

Agora vai?

Deve ser a enésima tentativa. Não de criar um blog, porque isso é fácil, mas de levá-lo a sério, manter uma certa disciplina de atualização e, com isso, livrar-me da indisciplina ligada ao hábito de escrever.
Sou jornalista, preciso da palavra. É quase necessidade vital ou, pelo menos, higiênica. Como se precisa de comida manter-se vivo (quando for budista discordarei desta frase), ou do hábito de escovar os dentes após as refeições.
Penso palavras, mas pouco as eternizo em folhas de papel. Já perdi as contas de quantos diários frustrados tentei iniciar. E agora, além de tudo, tenho a desculpa física: descobri a tendinite. Diriam os psicólogos “esses argumentos são fuga”
Devem ser, mas como disse acima: penso palavras...o dia inteiro. Elas tomam forma em minha mente, constroem diálogos, livros, anotações, pensamentos, poesias, imitações de Clarice Lispector, Garcia Lorca, Paulo Leminski. Das frases sábias da minha mãe, até as orações dos livros que mais admiro. Tudo se transforma. Ganha cor, cheiro, cenário, música de fundo...tudo ganha vida.
Sentada em frente ao computador, numa tarde ensolarada de domingo, quando eu deveria estar na praia: estou aqui. Após alguns minutos buscando um nome não registrado me lembrei da Siri do BBB 7 e inverti meu nome também e deu certo. Pela simples tentativa de ver as coisas pelo outro lado, ou pelo lado do outro. Talvez seja a leve intenção do promover o auto-exorcismo dos demônios inexistentes em mim.
Esse blog nasceu. Vamos ver quanto tempo deixarei ele viver.

Siga esta onda

Related Posts with Thumbnails

Siga esta onda

Related Posts with Thumbnails